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sábado, 7 de maio de 2011

Volta a Ilha SC - Diário de Bordo V - Chuva Forte la Fora

A chuva cai la fora com força dobrada pelo forte vento sul que sopra desde ontem. São quase dez da noite de terça feira e os últimos dias foram bem interessantes. No domingo passei a manha toda escrevendo e atualizando as informações, No período da tarde conheci o remador de Brusque-SC Alvaro Walendowsky, que completou a volta a ilha remando num caiaque oceânico em 27 horas em 4 dias de expedição. Por coincidência ele partiu do mesmo local que estamos agora . Foi sozinho, optando em sair com o vento sul da barra da lagoa e remando ate Jurere no seu 1º dia, cerca de 40 km.

Consegui o maximo de informações possíveis dele de vários locais da ilha. Confirmou minha previsão de dificuldades nos trechos de leste e sudeste dos costões sempre muito mexidos, contou da passagem pelo farol dos naufragados no sul da Ilha e sua famosa corrente, das condições do mar na parte continental da ilha e perguntei o que ele achava da minha estratégia de sair com vento norte/nordeste, o contrario do que ele fez. Sua resposta me deixou feliz, pois ele apoiou minha estratégia e estimulou muito nossa empreitada. Fui dormir pensando na nossa conversa e na viagem dele, remando sozinho e completando a volta em 4 dias de forma espetacular, só tem um detalhe de caiaque você não cai, pois já esta sentado.

Segunda cedo mais um dia para treinar, o vento parecia fraco e partimos eu e Rafael em direção ao canal da Barra da Lagoa, a maré dessa vez enchia e mais uma vez a remada foi técnica buscando a margem para minimizar a entrada de água que dificultava o glide da prancha. Ao sair do canal da barra o mar estava aparentemente calmo, varias embarcações de pesca de porte médio, com uns 15 tripulantes em media estavam ancoradas ao redor de duas redes de cerco esperando a entrada do vento sul.

Remei por fora das redes ate a ponta do costão, ao fundo via a prainha da barra e o local onde já pesquei muitos polvos na época que trabalhava com mergulho. O mar estava com uma ondulação de leste/sudeste de no máximo 4 pés, mas essas ondas não afetavam a remada por não entrar ali devido à proteção do morro. Ao virar a ponta das pedras e direcionar a remada em direção ao sul e passar pelo famoso pesqueiro de mergulho do Ex Prefeito e deputado Andrino encaramos um balanço uma condição bem adversa.

As ondas vinham de leste/sudeste e batiam de frente no paredão de pedra voltando numa espécie de back wash que se chocava com a nova onda que vinha atrás assim sucessivamente. Balançava de todos os lados e as ondulações levantavam a prancha em sua passagem, numa condição de remada bastante instável com a prancha estreita decidi que iria manter a maior velocidade possível para manter o equilíbrio de forma mais estável, ia remando e acompanhando o meu parceiro que por estar com uma prancha menor e mais larga havia ficado uns 300 metros para trás.

Depois de 40 minutos remando nesse balanço já estava há 100 metros das pedras da ponta da praia da galheta quando notei que meu parceiro havia ficado bem mais distante, sentei na prancha um pouco para esperá-lo e depois de uns 10 minutos comecei a avistar o cabo do remo em sua mão, deu para ver que ele vinha se aproximando e retomei minha remada. Ao passar pela ponta do costão da Galheta o balanço caótico generalizado desapareceu sobrando somente a ondulação que passava marchando para quebrar na praia.

A remada fluiu e fui passando pelos meus locais favoritos de surf por muito tempo na ilha, Chicaminha, a bica, o back door todos na galheta e finalmente ao virar a praia o canto esquerdo da mole, vários camaradas das antigas me cumprimentaram espantados, pois não me viam há muitos anos e não entenderam muito bem de onde eu havia surgido. as ondas estavam lisas com uma formação regular e eu estava de cabelo seco com o fone do meu ipod que não era a prova d’água no ouvido.

Decidi sair do mar seco para não detonar meu fone e a prancha. Optei por pegar um jacaré com a Starboard 14´8, The Point, deitei na prancha travei o remo no abdominal e fui remando para uma serie que entrava, a prancha entrou muito fácil na onda e começou a dropar a onda bem tranqüila ate que o bico chegou à base da onda e ela embicou, pois o resto da prancha não havia acabado de descer toda parece da onda, moral da historia mais um fone detonado e uma canseira para arrastar a 14´8 Starboard em segurança para a areia.

Ao colocar o equipamento na areia notei que Rafael ainda não havia apontado na praia, imediatamente corri ate a torre dos salva vidas e subi para ver com o binóculo onde ele estava, ele estava entrando na praia da galheta e indo em direção a areia, acreditei que havia algum problema e imediatamente sai correndo pela praia mole , subi o costão e desci na praia da galheta, já o avistei vindo carregando a prancha e percebi que estava tudo bem. Na realidade ele sofreu bastante com o balanço do mar e cumpriu sua boa ação ambiental dando comida para os peixes por duas vezes.

Depois de constatar que estava tudo bem peguei a prancha entrei no mar na praia da galheta e fui remando ate a praia mole enquanto ele ia andando pelo costão. Almoço reforçado no restaurante beco e uma visita a tarde a Wind Center e nosso parceiro Testa, que ligou para mais um ilustre camarada que foi convidado para a expedição, Paulinho da Andy Roy que adorou a idéia e confirmou sua participação. Dormimos cedo e acordamos na 3ª com um forte vento sul. Aproveitei para fazer um contato com o meu amigo fotografo James Thisted solicitar seu apoio na captação de imagens.

Depois tomando um café no centrinho da lagoa encontrei Ricardo da Sul Nativo, Rochinha, Marcelo Gralha e Dani meus parceiros de surf de muitos anos em Floripa, rochinha era marinheiro e mergulhador e vai nos apoiar pilotando o zodiac (barco inflável) que vai nos dar apoio na água e o Dani garantiu sua participação com sua lancha de 28pes oceânica durante toda a expedição nos tranqüilizando para a questão da embarcação que iríamos utilizar para caso de uma emergência. Graças a Deus tudo esta se encaminhando da melhor maneira possível e agora e só aguardar o momento correto que a natureza vai permitir a nossa jornada, uma janela possível com pequenas chances para o dia 4, mas a melhor opção ate agora parece ser do dia 8 em diante... queremos 3 dias no mínimo de vento norte /nordeste e ondulação de no maximo 4 pés...

Autor: Marco Antônio Gorayeb

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